
Exposições 07/05/2021
Exposição “Ídolos. Olhares Milenares”: Entrevista com o Diretor do Museu Nacional de Arqueologia, António Carvalho.
Ídolos. Olhares Milenares está em exposição no Museu Nacional de Arqueologia. Uma exposição internacional dedicada à forma como as comunidades agro-pastoris dos Centro/Sul de Portugal e Espanha, com recurso a diferentes materiais e em linguagens codificadas, representaram artisticamente o corpo humano.
A exposição organizada pela Fundação C.V. MARQ em colaboração com o Museu Arqueológico Regional de Madrid, inaugurou originariamente no Museu Arqueológico de Alicante no início de 2020, e abriu ao público, a 28 de Julho de 2020, no Museu Arqueológico Regional de Madrid, em Alcalá de Henares, onde esteve patente até 10 de janeiro de 2021. Chegada a Portugal e tendo sido reprogramada com a inclusão de peças portuguesas notáveis, encontra-se aberta ao público até 17 de outubro.
A exposição resulta do trabalho e da colaboração de dezenas de museus e entidades emprestadoras dos dois países. É a primeira vez que teremos a possibilidade de admirar estes testemunhos materiais reunidos no mesmo espaço expositivo.
Conversamos com António Carvalho, Diretor do Museu Nacional de Arqueologia (MNA), que reforça o convite para que ninguém deixe de visitar esta imperdível e única exposição.
Como é que foi organizar uma exposição que implicou a coordenação de tantas entidades?
Foi uma experiência colaborativa inesquecível, realizada em muito pouco tempo (o protocolo com a Fundação C.V. MARQ de Alicante foi celebrado no final de Novembro de 2020 e a exposição inaugurou no dia 9 de Abril de 2021). O Museu Nacional de arqueologia e a sua equipa, em estreita articulação com a Direcção da DGPC e equipa dos Serviços Centrais, foram permanentemente apoiados por todas as entidades públicas e privadas envolvidas, nomeadamente a Fundação C.V. – MARQ e o Museo Arqueológico de Alicante, o Museo Arqueológico Regional de Madrid e os restantes 26 Museus emprestadores espanhóis e portugueses. O consórcio de mecenas reunido foi essencial para a concretização da exposição.
Montar uma exposição em plena pandemia não deve ser fácil. Como é que foi ultrapassar este desafio?
Ultrapassamos as inevitáveis dificuldades com o apoio inexcedível de todos e o empenho da equipa do Museu que estava fortemente motivada. Na recta final, montar uma exposição desta envergadura com o Museu encerrado ao público devido ao 2º confinamento, revelou-se uma inegável vantagem.
Um conjunto de procedimentos obrigatórios, como o acompanhamento e a verificação dos bens culturais pelos couriers das entidades emprestadoras, teve que ser realizada à distância por meios digitais. Tornou-se inevitável proceder desta forma em fases das restrições à circulação.
Como é que acha que será o regresso das pessoas à Cultura, depois de tanto tempo afastadas?
As pessoas estão a aderir à exposição, pois após um segundo desconfinamento admirar o património nacional, a criação artística e o belo é essencial para o bem estar pessoal e colectivo. Os espaços culturais são locais de afirmação da vida em sociedade e são especialmente seguros do ponto de vista sanitário.
Estes “Ídolos” e outras peças que podemos ver na exposição têm milhares de anos. De que forma é que esta exposição pode estar ligada com a atualidade?
O tema é central na Arqueologia e permite mostrar colecções emblemáticas dos Museus ibéricos, com especial destaque para a do Museu Nacional de Arqueologia, que expõe em 270 bens culturais 75, sendo 21 classificados como Tesouros Nacionais.
É uma exposição relevante para compreender como um tema é tratado pela investigação arqueológica ao longo de mais de um século, mostrando como a perspectiva muda, evoluindo com novas descobertas e interpretações, permitindo reflectir e colocar novas questões ao papel – mais central e diverso – que a mulher teria nas comunidades Neolíticas e Calcolíticas, ou seja, durante o IV e III milénio a.C.
A exposição mostra-nos diferentes tipos de representações do rosto e do corpo humano, que facilmente se reconhecem, pois utilizam códigos simbólicos ainda hoje em uso e, portanto, facilmente reconhecíveis. É uma exposição que trata a Arte na Pré-História, mostrando a intemporalidade da arte. Certamente que o público durante a sua visita é remetido para a obra de muitos artistas plásticos, de diferentes épocas, cuja obra reconhece.
Pretende-se que esta exposição tenha um caráter muito pedagógico e didático. Considera que será uma forma de conseguir chegar ao público mais facilmente?
Claro que sim. É uma exposição muito acessível, inclusiva e diversificada. Permite convocar muitos dos nossos sentidos. Veja-se, neste primeiro mês, o sucesso das visitas temáticas orientadas que a equipa do Museu e os muitos investigadores convidados têm realizado. Seria talvez importante convidar o público que já desfrutou dessas visitas a dizer o que sentiu, aprendeu e o que pensa. Claro que o Plano de Comunicação que a equipa da DGPC/MNA em articulação com muitos parceiros tem dinamizado tem sido muito responsável pela divulgação ampla e selectiva da exposição. Creio que os portugueses e espanhóis são os primeiros a sentirem-se em casa.
Num conjunto de peças tão extraordinárias, será que consegue destacar a sua favorita?
O conjunto selecionado pelos Comissários Científicos, Primitiva Bueno Ramírez e Jorge A. Soler Díaz merece destaque. Em Lisboa, a exposição foi reprogramada e apresentamos 270 bens culturais. Portanto, claro que o Director do MNA tem uma clara preferência pelo conjunto que conseguimos expor e não por cada bem cultural considerado individualmente. Sem a disponibilidade por parte dos Museus portugueses convidados a exposição ficaria mais pobre.
Ainda assim posso referir que a colecção de báculos, estelas antropomórficas, placas de xisto ou ourivesaria arcaica do Museu Nacional de Arqueologia são únicas no panorama peninsular e mesmo europeu. O nosso sincero desejo é que a cada visitante responda precisamente a esta pergunta: Que imagem leva para casa?
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